
Para O Meu Avô
Pt. 2
Enquanto estava o mais perto possível de minha mãe, fui apresentado a meu tio, que se parecia com ela. Meus primos acenaram ansiosamente para mim.
A viagem para a casa dos meus vovôs foi a mais longa que eu ainda não tinha feito. Um dia inteiro e meio de viagem; de voar, de sentar, de ficar em pé, alguns mais sentados, outros mais em pé. Parecia um dia muito longo. Nos; minha mãe, irmão, eu, meus 2 primos, meu tio e sua esposa mais nossas bagagens, tudo embalado em um pequeno sedan. Estava quente, mofado, aconchegante. As vistas de terras verdes abertas, pássaros tucanos, vacas, árvores, céus azuis, eram infinitas. Meu tio berrando sertaneja, porque estávamos, na verdade, na parte mais country do Brasil.
Parávamos em uma parada para descanso, pelo menos o que eu pensava ser uma parada para descanso, mas parecia a casa de alguém, com bomba de gasolina. O restaurante onde comíamos parecia a cozinha de alguém. O banheiro? Ao virar da esquina, basicamente uma sala, com um buraco no chão. A comida tinha o gosto da comida de minha mãe, a água; a água mais deliciosa que já bebi. Gelado, frio, crocante, claro e refrescante.
Finalmente. O que parecia ser 100 horas depois, viramos para a esquina da estrada para a casa do meu avô. As estradas naquela época, não existiam. Em vez disso, sujeira; sujeira vermelha e laranja. A sujeira que mancharia a sola dos sapatos. A sujeira que te fazia tirar os sapatos, antes de entrar na casa de alguém, pois deixaria um rastro de pegadas laranja no chão; esse tipo de sujeira.
Nós dirigimos por aquela estrada de terra. Lembro-me de ver TODOS lá fora; acenando, gritando. Tudo isso para nós? porque? Lembro-me de ver minha mãe, enquanto as lágrimas rolavam por seu rosto e um sorriso tão grande que suas bochechas tremiam. Minha mãe estava voltando para casa. Sua casa. pela primeira vez em 15 anos.
Eu conheci minha família inteira, bem ali. Essas são pessoas de quem só ouvi falar em histórias que minha mãe me contava. Personagens que imaginei, através de fotos, estavam todos parados na minha frente. Essas pessoas me amavam de longe, de um fuso horário, país, terra totalmente diferente. Abraços e beijos na bochecha de minhas tias, minha avó, primos e vizinhos de vizinhos e mais vizinhos.
Foi naquele dia que conheci meu avô. O homem mais alto da minha família, olhando para mim, com sua voz profunda de vovô: “Neta. Finalmente. Eu te conheço ”...
continua...
